segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Regrevolution

Estava eu aqui a vasculhar os meus desabafos e fui dar com isto:
"Não tenho muito para contar da minha vida, mas até agora tenho uma história. Vi afastarem-se de mim pessoas, vidas, sentimentos e atitudes, modos de pensar e de viver cada instante que me interpela. Houve, e há apenas um sentimento que não se dissolveu com o tempo, não se dissipou com a tua fuga, apartaste-me de uma vontade que nunca poderá ver-se apartada…Sabes, aquele amor que em tempos ambos partilhamos? Aqueles momentos que vivemos? Aquelas palavras que me sussurravas junto do ouvido? Não desapareceram na sua totalidade, continuam em mim, continuam em ti, e eu sei disso. E como tu tens saudades, também eu as tenho. Saudades de tudo o que vivemos e do que não conseguimos viver, de quando cantavas a nossa música, da tua voz, do teu carinho, da tua paixão, da tua inteligência, do teu talento. Saudades de ti quando estavas comigo, de mim quando estava contigo e do futuro que não vivemos. E por isso, seguramente digo que em sentimento não nos afastamos, nunca iremos afastar-nos, é uma das certezas que ainda tenho, a de saber que um “pedacinho” meu vai permanecer sempre em ti. E não, não te vou pedir nada…vivamos apenas de recordações." 22/03/09

É incrível, parece que nunca falei com tanta certeza.
Parece que não passou praticamente um ano desde estas palavras destemidas e motivadas.
Parece que sofri apenas ontem por ti.
Parece que fui a pessoa mais apática do mundo, porque hoje já não te amo. Aliás, parece que nunca te amei.
E parece verdade tudo isto.
Mas não é.

Sofri sempre por ti. Sofri horas a fio por ti. Sofri, sofri, sofri e sinto-me orgulhosa quando penso no modo como te "ultrapassei". Aquelas palavras que dizia a mim mesma todos os dias foram mais fortes do que qualquer sentimento que me induzias só de te olhar, só de te desenhar na minha hábil consciência, só de repetir periodicamente as tuas palavras nos meus ouvidos, só de recriar as tuas mãos meticulosas que esboçavam as mais perfeitas músicas que nos fizeram assim, felizes.
Até há dias, pensava que tinha simplesmente esquecido tudo isto, nem te julgava apagado porque nem me lembrava de ti, ignorava a tua existência da forma mais minuciosa possível sem sequer me dar conta disso. Porque tinha eu de te ver de novo e estragar tudo o resto à minha volta? Parecias ter esvoaço para lá longe, lá longe daqui, do meu pequeno mundinho e, de repente, vi-te aproximares-te de mim, como se voltasses do nada. Porque me fazes isto?!

Nestes momentos parece que nunca te desprogramei de mim.
Parece que te quero mais perto, cada vez mais perto; ao mesmo tempo que te afasto com passos furibundos e envergonhados.
Parece que me alvejaste de novo ao ponto de me fazeres efervescer.
E parece verdade tudo isto.
Mas eu sei que não é.

Segundos depois de sentir o teu olhar a perseguir-me, recomponho-me, tento afugentar a inquietude e o bater do coração e, ao mesmo tempo, dou por mim a matutar: Estarei a evoluir ou a regredir? Terei estagnado?
A verdade é que tenho perfeita noção daquilo que não mais quero, daquilo que não mais desejo, daquilo que não mais ambiciono: tu.



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