Meia-noite. Estou na sala. Procuro, por entre 343 gravações, alguma que ainda não sei bem qual. Desisto. Vou antes procurar nos canais. Encontro um filme. Vejo um quinto desse filme. Não gosto, é violento em demasia para a minha sensibilidade. Aconchego-me a uma manta e fico a olhar o vazio. Entretanto, ouço o estalar da madeira. Alguém está a descer as escadas. É a minha mãe: "- Filha, anda para a cama. Amanhã não querias acordar cedo?". Acento com a cabeça, dobro a manta e dirijo-me ao interruptor. Desligo as luzes e subo as escadas para o quarto. Entro, e "hmm, como está quentinho"- penso; mas... na realidade, acho que não vou conseguir adormecer.
Uma e dezasseis. Sento-me na cama com o computador no colo. Imagino-me a conversar de novo contigo, como nos velhos tempos; mas, minutos depois, reconheço que a minha noite está a terminar em monólogo. Desligo o computador. Dou voltas na cama. Amanho o cobertor e ajeito a almofada. São duas e sete, não consigo, definitivamente, dormir. Recorro prontamente ao mp3. Procuro a música mais serena, mais calma, mais ridiculamente romântica. Ouço-a vezes sem conta. Simplesmente não adormeço. Desligo o mp3.
Escuto um sininho, que, apesar de não se ver nesta imensa escuridão, logo percebo: é a minha gata. Sim, a minha gata vem fazer-me companhia. Cedo-lhe o braço para poder deitar a cabeça. "Rooooonnnn". É o seu ronronar; esse mesmo ruído que grande parte das noites me dificulta o sono. Desta vez ajudou: quatro e quarenta e tal... é quase que inacreditável, mas acho que adormeci.
Seis da manhã.Vibra o telemóvel. Não dou importância. Continua a vibrar: descansa por meros e insignificantes segundos mas volta a persistir. És tu. O que me queres desta vez? Não atendo. Tento voltar a cerrar os olhos, mas... não sou capaz. Acordaste-me e eu agora não conseguirei mais adormecer.